A dificuldade de contar ...

Eu sabia que não ia ser uma tarefa fácil, descrever a minha doença e tudo o que está relacionado com ela, mas também não imaginei que seria tão difícil.

Sinto que não consigo organizar bem os acontecimentos, baralham-se com os sentimentos, a linha de raciocínio é muito influenciada quer pelo sofrimento e angustia por que tenho passado, mas também pelos medicamentos que tomo que “baralham um pouco a cabeça”.

Quero acreditar que estou no bom caminho para ter a PTI controlada, hoje fui à consulta ao Hosp. Pulido Valente, as plaquetas estão dentro dos valores normais, o Dr. A.R., a quem pedi muito para ver se podia deixar de tomar a cortisona, disse-me que sim, continuaria o “desmame” mais 2 semanas, tomando cortisona 1 dia e fazendo 2 de intervalo, durante 2 semanas e depois não tomava mais, serei avaliada novamente em Julho.

Nem quero acreditar que estou a dizer adeus à cortisona, tenho com ela uma relação amor-ódio, se por um lado me fez inchar o corpo todo, me fez nascer pêlos, me destrói os dentes, etc, etc…também foi ela que me manteve viva, que fez com que eu fizesse a esplenectomia (retirar o baço ) em segurança.

Nestes últimos 3 anos tenho vivido muito em função dos valores das plaquetas, quando vou buscar análises, abro de imediato o envelope e procuro plaquetas, do valor apresentado depende tanta coisa, quando ligo para o meu marido depois de ir buscar análises ou de ter ido à consulta ao hospital, ele pergunta logo quantas tens? Nem diz mais nada, eu percebo imediatamente, digo-lhe o valor e ele fica animado quando estão os valores mais altos, e quando não estão, diz-me um palavra de animo mas eu sinto a desilusão na voz dele.